1.
Vocabulário: a leitura nos permite enriquecer o
nosso vocabulário, com a freqüência da leitura tendemos a ter mais facilidade
no uso das palavras, passamos a falar, e, naturalmente, a escrever melhor,
podendo lançar mão de uma maior gama de recursos no momento em que estivermos
conversando e/ou redigindo algum texto. Esse elemento se evidencia numa simples
conversa. Pessoas que não possuem o hábito da leitura, quando conversam, tende,
com mais freqüência, a usar “muletas” no diálogo, tais como “né”, “tipo assim”,
e outras mais, como essa pessoa tem pouca leitura, ela possui mais dificuldade
na formulação de frases, lançando mão assim dessas “muletas”;
2.
Conhecimento: a leitura exercita o cérebro e a
capacidade de memorização, tanto mais leitura, tanto maior é a nossa capacidade
de guardar informações, e, por extensão, mais fazemos uso desta capacidade de
guardar informações. Aqui vale uma advertência: quando falamos em leitura, não
estamos falando em qualquer leitura, antes disso, ela deve ser qualificada,
naturalmente, quem lê apenas gibis, provavelmente não vai ter mais conhecimento
do que qualquer outra pessoa que não lê gibis;
3.
Entendimento: o costume da leitura nos permite
entender as coisas com mais facilidades. Para tanto podemos dar uma pequena
prova, pegue duas pessoas, uma que tem o costume da leitura e outra que não o
tem, e dê-lhes um texto de filosofia –e sendo de filosofia, naturalmente é um
texto difícil-, feito isso, peça que leiam e ao final da leitura, digam o que
entenderam. Neste breve exercício, perceberemos que aquele que tem o hábito da
leitura, talvez não entenda o texto em seu todo, mais irá falar sobre o texto
com muito mais propriedade, já aquele que não tem o hábito da leitura, se
posicionará de forma confusa e imprecisa;
4.
Reflexivos: o hábito da leitura nos permite refletir
melhor o texto, percebendo as variáveis interpretativas, não se perdendo em
elementos secundários no texto, antes disso, atendo-se ao que é determinante;
5.
Leitura dinâmica: quem lê, faz as sinapses e ligações
dos acontecimentos de forma mais ágil. Se insistirmos com o exemplo do ponto dois
perceberemos, o leitor não só terá mais propriedade e segurança no que diz,
como também, irá dizer mais rapidamente, já o não-leitor, terá menos
propriedade, menos segurança, e irá demorar muito mais tempo para fazer as
sinapses e ligações no texto de filosofia;
6.
Escrita: esse ponto é “mamão com açúcar”, se
tem mais conhecimento, mais capacidade de reflexão e mais vocabulário, é
dispensável dizer que tem mais facilidade com a escrita. Para tanto, basta
dizer que a leitura e a escrita caminham juntas;
7.
Informação: as pessoas que lêem possuem mais
informações, mas não porque tem mais acesso a informações, porque isso, com o
advento da internet, todos, em maior ou menor medida possuem, as pessoas que
lêem possuem mais informações porque sabem filtrá-las melhor, porque distinguem
com mais facilidade o que é importante do que é firula, o que é determinando do
que é secundário e desnecessário;
8.
Emoção: tem necessidade de falar sobre isso?
Alguém duvida que a leitura nos permita momentos emocionantes? Mas façamos o
exercício da dúvida, vamos partir do pressuposto que um cursista duvide que
possa se emocionar ao ler um trecho de um livro. Para tanto, peço a sua
contribuição e honestidade caro cursista, primeiro vamos ler esse breve trecho
da obra Germinal do autor Émile Zola,
onde Etienne, um mineiro e revolucionário socialista, resignado após o seu
fracasso no comando da tentativa da revolução socialista decide ir embora, e
pegando o seu rumo vai andando, lembrando-se dos seus companheiros, mas sem
deixar de sonhar com a revolução que um dia rebentaria a terra:
E,
sob seus pés, continuavam as batidas cavas, obstinadas, das picaretas. Todos os
companheiros estavam lá no fundo; ouvia-os seguindo-o a cada passo. Não era a
mulher de Maheu sob aquele canteiro de beterrabas, curvada, com uma respiração
que chegava até ele tão rouca, fazendo acompanhamento ao ruído do ventilador? À
esquerda, à direita, mais adiante, julgava reconhecer outros, sob os trigais,
as cercas vivas, as árvores novas. Agora, em pleno céu, o sol de abril brilhava
em toda a sua glória, aquecendo a terra que germinava. Do flanco nutrido
brotava a vida, os rebentos desabrochavam em folhas verdes, os campos
estremeciam com o brotar da relva. Por todos os lados as sementes cresciam,
alongavam-se furavam a planície, em seu caminho para o calor e a luz. Um
transbordamento de seiva escorria sussurrante, o ruído dos germes expandia-se
num grande beijo. E ainda, cada vez mais distintamente como se estivessem mais
próximos da superfície, os companheiros cavavam. Sob os raios chamejantes do
astro rei, naquela manhã de juventude, era daquele rumor que o campo estava
cheio. Homens brotavam, um exército negro, vingador, que germinava lentamente
nos sulcos da terra, crescendo para as colheitas do século futuro, cuja
germinação não tardaria em fazer rebentar a terra. (pág. 421, Germinal de Émile Zola)
Essa
passagem certamente inspira sonhos e ideais, inspira a crença de uma revolução
que arrebataria toda a exploração no mundo em uma só noite, e ao amanhecer,
estariam todos os homens livres, preparados para edificar uma nova sociedade,
onde criança alguma conheceria em vida a fome, a miséria e o trabalho infantil.
Quem não se comoveria com tal ideal? Como diria meu grande amigo Abelardo
Xisto: “Quem nunca foi socialista e sonhou com o fim da miséria entre os homens
aos 20 anos é porque não tem coração”.