O
DESAFIO DAS REDES MUNICIPAIS DE ENSINO
Presidente
da União dos Dirigentes Municipais de Educação alerta para a necessidade de se
rever o repasse de recursos entre os entes federados para cumprir metas do PNE
Universalizar a pré-escola,
garantir acesso a creches a 50%
das crianças com idade entre 0 a 3 anos, passar metade das escolas em
funcionamento para tempo integral e melhorar a qualidade da educação como
um todo. Estas são algumas das metas previstas pelo Plano Nacional de Educação (PNE),
documento que determina as diretrizes e objetivos para a política educacional
do País para o próximo decênio, que impactam diretamente as redes municipais de
ensino.
A primeira dessas, aliás, deveria
concretizar-se até o fim deste ano – o que dificilmente ocorrerá. No panorama
atual, cerca de 90% das crianças brasileiras com idade entre 4 e 5 anos estão
na pré-escola. Um grande avanço, mas que ainda deixa 10% das crianças
desprovidas do acesso à educação, um direito fundamental.
“O PNE apresenta demandas importantes e
urgentes para os municípios. Mas os recursos repassados não acompanham essa
responsabilidade”, critica Alessio Costa Lima, presidente da Undime (União
Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação), que esteve presente nesta
quinta-feira no seminário “Educação para a cidadania global”, promovido pela Fundação
Santillana, Unesco no Brasil e El
País.
Em debate intitulado “Desafios para a
implementação de políticas para a educação cidadã”, Lima apontou que o modelo
atual de financiamento para a Educação precisa passar por revisões se o
objetivo for cumprir as metas estipuladas. Hoje, a legislação brasileira prevê
a Educação Infantil como
responsabilidade municipal, o Ensino Fundamental, de municípios e estados, e,
por último, o Ensino Médio como
incumbência dos estados.
“Mas o que vimos nos últimos anos foi um verdadeiro
movimento de municipalização da Ensino Fundamental, isso é, ele se tornou cada
vez mais responsabilidade dos municípios”, observou Lima. “Hoje você tem os
municípios respondendo por quase 14 anos da Educação Básica. Algo que não foi
acompanhado pelo aumento de recursos”.
De acordo com a Constituição brasileira, a
oferta de educação no País é fruto da cooperação financeira e administrativa
entre União, estados e municípios. A legislação estabelece um mínimo de
investimento para cada ente no Ensino Básico, a incidir sobre a receita. A União
deve gastar nunca menos que 18% e os estados, Distrito Federal e municípios, no
mínimo, 25%.
No que diz respeito à arrecadação, no
entanto, a União é o ente federativo que mais recebe. Hoje, 57% dos
recursos vão para a União, 25% para os estados e 18% para os municípios. Mas,
apesar de ser o que mais arrecada, é o que menos investe proporcionalmente
em educação: 20% é feito pela União, 41% pelos estados e 39% pelos
municípios.
“É preciso rever esse pacto. Segundo
levantamento da Undime, teremos a necessidade de construir 21 mil novas
unidades de Educação Infantil para atender apenas a meta 1 do PNE
(universalizar a pré-escola para
crianças de 4 e 5 anos). De onde sairão os recursos para isso?”, indagou.
Nessa perspectiva, o Proinfância (Programa Nacional de Reestruturação e
Aquisição de Equipamentos para a Rede Escolar Pública de Educação Infantil),
criado pelo governo federal para a construção de creches e
pré-escolas e a aquisição de equipamentos, é importante, mas não dá conta
da demanda. “O Proinfância deveria ter construído 6 mil unidades até 2014 e só
entregou 4 mil”, apontou Lima.
O problema educacional do Brasil não é só de
gestão, passa muito pelo financiamento, reitera o presidente da Undime. Segundo
a Campanha Nacional pelo Direito à Educação, o valor investido por aluno da
Educação Infantil da rede pública é três vezes menor do que o considerado
necessário para garantir uma educação com padrões mínimos de qualidade. “Não é
três vezes menor comparado aos países de primeiro mundo não, é três vezes menor
comparado a um valor mínimo de qualidade”, reclamou.
Sem reformulação e regulamentação da
distribuição e cooperação de recursos entre os entes, ele alertou ainda, o
Custo Aluno-Qualidade inicial (CAQi), valor mínimo previsto por lei a ser ser
investido por aluno, aprovado por unanimidade no Conselho Nacional de Educação
e que deveria entrar em vigor em junho deste ano, corre o risco de não sair do
papel.
Este comentário foi removido por um administrador do blog.
ResponderExcluirEste comentário foi removido por um administrador do blog.
ResponderExcluir