¹
Nagelle Lopes Sales
²
Valdemir Ribeiro Farias
RESUMO
O presente artigo apresenta um
relato de experiência sobre o Projeto de Intervenção realizado na Escola
Municipal Walfredo Campos Maia. O trabalho foi desenvolvido pela necessidade de promover a reformulação do Projeto
Político Pedagógico da escola supracitada, para tanto, realizou-se reuniões,
encontros, mini-cursos com a participação da equipe pedagógica, da equipe de
apoio escolar e gestão da Escola Municipal Walfredo Campo Maia. O objetivo do
Projeto de Intervenção foi de contribuir para a reelaboração do Projeto
Político Pedagógico da escola, considerando a nova Política Nacional de
Educação Especial na perspectiva da Educação Inclusiva, tendo em vista que, a
Escola Municipal Walfredo Campos Maia desde 2009 realiza o Atendimento
Educacional Especializado através da Sala de Recursos Multifuncionais. A partir
dos encontros, reuniões e mini-cursos a equipe escolar teve a oportunidade de participar
ativamente do processo de reelaboração do Projeto Político Pedagógico, bem
como, pode melhorar a sua prática pedagógica considerando a diversidade
existente no interior da escola.
Palavras-chaves: Inclusão. Projeto Político Pedagógico. Escola Municipal Walfredo
Campos Maia.
I – INTRODUÇÃO
A Constituição Federal (1988), art. 205, afirma que “A educação é direito
de todos”. Esta frase
inquieta muitos professores quando constatam, em suas salas de aula, a
realidade da diversidade humana. A democratização
do processo educacional contribuiu para que aumentasse a necessidade de ensinar
salas de aula heterogêneas em que todos os alunos aprendessem a partir de suas
diferenças. A partir deste contexto se
elabora a Política Nacional de Educação Especial na perspectiva da Educação
Inclusiva/2007, com uma proposta de educação em que a concepção de educação é
fortalecida pelo ideal dos direitos de todos à educação de qualidade. Nesta
perspectiva de educação os alunos são iguais dentro das suas diferenças.
Neste sentido, faz-se necessário compreender que a educação está baseada
na aceitação das diferenças e na valorização do indivíduo, independentemente
dos fatores físicos e psíquicos.
Nessa Perspectiva é que se fala em inclusão, onde todos
tenham os mesmos direitos e deveres, construindo um universo que favoreça o
crescimento, valorizando as diferenças e o potencial de cada pessoa. A reflexão em torno do Processo de Inclusão se
faz necessária por que, apesar de ser um campo bem explorado pelos autores,
chegando às vezes a se confundir com modismos, ainda existem grandes
dificuldades das equipes das unidades escolares em desenvolver um trabalho que
realmente esteja incluindo o aluno especial.
Um trabalho onde este aluno não se sinta discriminado e até mesmo
colocado de lado chegando a reprovar diversas vezes durante anos.
Tais dificuldades somente poderão ser eliminadas por meio da convicção de
que a escola precisa mudar. Da vontade dos profissionais em educação de
promover mudança, construído novos relacionamentos no contexto educacional,
levando em conta o potencial e o interesse de cada aluno dentro das suas
particularidades.
Caminhando neste sentido encontra-se a Escola Municipal Walfredo Campos
Maia que desde 2009 realiza o Atendimento Educacional Especializado – AEE para
alunos com deficiências, Transtornos Globais do Desenvolvimento, Altas
Habilidades/Superdotação. Está modalidade de ensino visa atender no contraturno
alunos que apresentam as deficiências supracitadas.
Partindo deste contexto cabe-nos a
pergunta: Como a Escola Municipal Walfredo Campos Maia, considerando a
perspectiva de Educação Inclusiva pode promover mudanças de atitudes, com
vistas ao processo de inclusão das crianças e adolescentes? Qual a contribuição
do Projeto Político Pedagógico da escola dentro da concepção de educação
inclusiva? Com o objetivo de obter as respostas para tais
questionamentos é que realizou-se o projeto de intervenção na escola onde
propôs-se a reelaboração do Projeto Político Pedagógico como ponto decisivo
para iniciar o processo de mudança na escola inclusiva. Portanto, o presente
trabalho tem como finalidade relatar como ocorreu o processo de reelaboração do
Projeto Político Pedagógico na Escola Municipal Walfredo Campos Maia.
II - DEFININDO EDUCAÇÃO
INCLUSIVA
A educação inclusiva constitui-se em um paradigma educacional fundamentado na concepção de
direitos humanos, que conjuga igualdade e diferença como valores
indissociáveis, e que avança em relação à idéia de equidade formal do ponto de
vista legal, ao considerar as situações históricas de exclusão dentro e fora da
escola.
Ao
reconhecer que as dificuldades enfrentadas nos sistemas de ensino evidenciam a
necessidade de confrontar as práticas discriminatórias e criar alternativas
para superá-las, a educação inclusiva assume espaço central no debate acerca da
sociedade contemporânea e do papel da escola na superação da lógica da
exclusão.
Nesta perspectiva, o Ministério da
Educação/Secretaria de Educação Especial apresenta a Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação
Inclusiva, que acompanha os avanços do conhecimento e das lutas sociais,
visando constituir políticas públicas promotoras de uma educação de qualidade para todos os alunos. São grandes os avanços
legais para normatização da Educação Especial, na perspectiva de Educação
Inclusiva.
Durante
muitos anos, principalmente nas décadas de 60, 70 e 80, as pessoas com
deficiência eram assistidas por instituições especializadas em Educação Especial. Nesse
período, não se efetivava uma política pública de acesso universal à educação,
permanecendo a concepção de “políticas especiais” para tratar da educação de
alunos com deficiência. No que se refere aos alunos com superdotação, apesar do
acesso ao ensino regular, não é organizado um atendimento especializado que
considere as suas singularidades de aprendizagem.
Houve um avanço considerável rumo à educação inclusiva com a promulgação da
Constituição Federal de 1988,
a qual traz como um dos seus objetivos fundamentais:
Promover o bem de todos, sem preconceitos de origem,
raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação” (art.3º,
inciso IV). (...) a educação como um
direito de todos, garantindo o pleno desenvolvimento da pessoa, o exercício da
cidadania e a qualificação para o trabalho. No seu artigo 206, inciso I,
estabelece a “igualdade de condições de acesso e permanência na escola” como um
dos princípios para o ensino e garante, como dever do Estado, a oferta do
atendimento educacional especializado, preferencialmente na rede regular de
ensino (art. 208).
Da Constituição Federal de 1988 em diante as políticas para educação
especial foram ampliadas. Dessas políticas podemos destacar o Plano Nacional de
Educação – PNE, Lei nº. 10.172/2001, ao ressaltar que “o grande avanço que a
década da educação deveria produzir seria a construção de uma escola inclusiva
que garanta o atendimento à diversidade humana”. Ao estabelecer objetivos e
metas para que os sistemas de ensino favoreçam o atendimento às necessidades
educacionais especiais dos alunos, o referido plano aponta um déficit referente
à oferta de matrículas para alunos com deficiência nas classes comuns do ensino
regular, à formação docente, à acessibilidade física e ao atendimento
educacional especializado.
Diante da discussão apresentada faz-se necessário
distinguir dois conceitos básicos neste contexto educacional: Integração e inclusão, que possuem significados semelhantes. Mantoan (2003, p.21) afirma que esses vocábulos “são
empregados para expressar situações de inserção diferentes e se fundamentam em
posicionamentos teórico-metodológicos divergentes”. O primeiro refere-se à
introdução de alunos com deficiência, que anteriormente foram excluídos de
alguma maneira, em um determinado grupo. Seja na escola regular, nas classes
especiais ou em escolas especialmente preparadas para atender a sua
necessidade. O segundo, além de questionar as políticas e a organização da
educação especial, questiona o próprio conceito de integração, pois acredita
que todos os alunos, sem exceção devem freqüentar o ensino regular desde cedo.
Neste sentido, a educação inclusiva pode ser
entendida como o processo de inclusão das pessoas com necessidades especiais
físicas, mentais, altas habilidades/superdotação, distúrbios de aprendizagem ou
do estudante que é discriminado por qualquer outro motivo na rede regular de
ensino em todos os graus. O processo inclusivo significa um grande avanço na
educação. Com este surge uma escola renovada, atualizada, eficiente, diferente,
solidária e principalmente democrática.
Partindo deste pressuposto, implementar o
processo inclusivo na Escola Municipal Walfredo Campos Maia implicou em
transformações de idéias, de atitudes, pensamentos, práticas pedagógicas,
administração, relação com a comunidade. Tais mudanças necessitavam ser
resignificadas no Projeto Político-Pedagógico especificamente em sua
reelaboração com a finalidade de implementar o processo inclusivo nesta unidade
escolar.
III – O PROJETO
POLÍTICO PEDAGÓGICO COMO FUNDAMENTO PARA ORGANIZAÇÃO DA ESCOLA.
O projeto
político-pedagógico - PPP de uma escola é o instrumento orientador, que define
as relações da escola com a comunidade na qual está inserida e vai atender. Mediante
o PPP fica claro o que se vai fazer, porque se vai fazer, para que se vai fazer,
para quem se vai fazer e como se vai fazer no interior da escola.
O Projeto Político
Pedagógico vai além de um simples conjunto de planos e projetos elaborados sem
a participação da equipe escolar, feito apenas para cumprir exigências
burocráticas e consequetemente engavetados sem surtir efeito algum no processo
educativo da escola. Para VEIGA (1995 p. 13), “o projeto busca um rumo, uma
direção e (...) é construído e vivenciado em todos os momentos, por todos os
envolvidos com o processo educativo da escola.” Neste sentido, o Projeto
Político Pedagógico é um processo contínuo e articulado que supõe reflexões,
análises, avaliações permanentes do trabalho desenvolvido pela equipe escolar
dentro da perspectiva da política de formação plena do educando.
Seu desenvolvimento requer reflexão,
organização de ações e a participação de todos - professores, funcionários,
pais e alunos, num processo coletivo de construção. É importante ressaltar que
o PPP não é um projeto e/ou plano pronto e acabado, impassível de mudanças, ao
contrário, constantemente a escola passa por mudanças que precisam está
expressas no projeto educativo da escola. Este fato implica afirmar que a sua
elaboração nunca é definitiva. Nenhuma
escola poderá alcançar objetivos significativos, para os alunos e para a
comunidade na qual se encontra inserida, se não tiver um projeto que norteie e
dê suporte para a ação de cada um de seus agentes.
À medida que todos forem
envolvidos na reflexão sobre a escola, sobre a comunidade da qual se originam
seus alunos, sobre as necessidades dessa comunidade, sobre os objetivos a serem
alcançados por meio da ação educacional, a escola passa a ser sentida como ela
realmente é: de todos e para todos. Ao participar da elaboração do Projeto
Político-Pedagógico, a ação de cada ator social que nela se encontra adquire
novo significado, porque se passa a conhecer o que fazer, porque fazer, para
que, para quem fazer e como fazer.
Partindo deste pressuposto
as mudanças necessárias não acontecem por acaso, mas fazem parte da vontade e
participação da equipe escolar, expressas no seu Projeto Político Pedagógico –
PPP e vividas a partir de uma gestão democrática. Para tanto, segundo Veiga (1995) o PPP,
é pautado nos princípios de igualdade, qualidade, liberdade, gestão democrática
e valorização do magistério.
Na perspectiva da Educação
Inclusiva o principio da Gestão Democrática é colocado por VEIGA (1995), de
forma expressiva tendo em vista que, compreender a educação inclusiva se
constitui em uma forma mais ampla, que aponta para Gestão Democrática:
(...) exige uma
ruptura histórica na prática administrativa da escola, com o enfrentamento das
questões de exclusão e reprovação e da não-permanência do aluno na sala de
aula, o que vem provocando a marginalização das classes populares. Esse
compromisso implica a construção coletiva de um projeto político-pedagógico
ligado à educação das classes populares. (VEIGA, 1995 p. 17-18)
A ruptura mencionada pela
autora compreende que a escola segue novos caminhos, adotando práticas
inclusivas expressas no PPP da escola, provocando mudanças profundas na
organização do plano de trabalho da unidade escolar. Taís propostas de mudanças dependem da
disposição, discussões, estudo, levantamento de dados e iniciativas
compartilhadas pelos membros da escola, e do principio de gestão democrática
expresso na escola, que propicie o processo de mudança. Nesta perspectiva o projeto
político-pedagógico expressa as mudanças advindas dos propósitos da inclusão
quando faz da aprendizagem o ponto fundamental da escola, garantindo o tempo
necessário para que todos possam aprender; reprova a repetência; abre espaço para a cooperação, diálogo,
solidariedade, criatividade, e para que o senso crítico seja praticada pelos
educadores, gestores, funcionários e alunos; forma continuamente o professor
para que possa melhorar cada vez mais a sua prática em prol de um ensino de
qualidade.
IV- O PROCESSO DE
CONTRUÇÃO DE UMA ESCOLA INCLUSIVA A PARTIR DO PROJETO POLÍTICO-PEDAGÓGICO –
PPP.
A
Educação Especial, no contexto da nova Política Nacional de Educação Especial na
perspectiva da Educação Inclusiva, é definida como uma modalidade de ensino que
perpassa todos os níveis, etapas e modalidades de educação.
Nas
diretrizes desta política é possível visualizar o grande enfoque destinado ao
Atendimento Educacional Especializado (AEE) cabendo à educação especial
realizá-lo, utilizar serviços e recursos próprios desse atendimento e orientar
alunos e professores quanto à utilização destes serviços e recursos em sala de
aula.
O Atendimento Educacional
Especializado, no contexto da nova política, acaba por se configurar como
espaço privilegiado da educação especial e de responsabilidade da mesma. Destaca-se
o caráter complementar e suplementar deste atendimento (e não mais substitutivo).
O atendimento
educacional especializado identifica, elabora e organiza recursos pedagógicos e
de acessibilidade que eliminem as barreiras para a plena participação dos
alunos considerando suas necessidades específicas. As atividades desenvolvidas
no atendimento educacional especializado diferenciam-se daquelas realizadas na
sala de aula comum, não sendo substitutivas à escolarização. Esse atendimento
complementa e/ou suplementa a formação dos alunos com vistas à autonomia e
independência na escola e fora dela. (...) Ao longo de todo o processo de
escolarização, esse atendimento deve estar articulado com a proposta pedagógica
do ensino comum. (BRASIL, 2008, p. 16)
Além disso, é importante
enfatizar a obrigatoriedade da oferta do AEE pelas redes de ensino, em turno
inverso ao que o aluno freqüenta a classe comum, preferencialmente na própria escola
em que está matriculado ou em centros especializados que realizem o atendimento
educacional.
O município de
Tocantinópolis possui três Salas de Recursos Multifuncionais nas Escolas
Municipais Alto da Boa Vista II, Walfredo Campos Maia e Lajinha. Estará
recebendo ainda este ano mais duas salas que serão implantadas nas Escolas
Municipais Professor Antonio Farias e Tancredo de Almeida Neves.
No entanto entre as três
escolas que realizam o Atendimento Educacional Especializado o enfoque desde
trabalho será a Escola Municipal Walfredo Campos Maia especificamente na
reelaboração do Projeto político-Pedagógico na perspectiva da educação
inclusiva.
A Escola Municipal Walfredo Campos Maia recebeu do Ministério da Educação
no ano de dois mil e oito uma Sala de Recursos Multifuncionais para realizar o
Atendimento Educacional Especializado aos alunos com deficiência, Transtornos
Globais de Desenvolvimento e Altas Habilidades/Superdotação. Neste cenário
apresenta-se a Política de Educação Especial na Perspectiva da Educação
Inclusiva trazendo como umas das prerrogativas para a transformação dos
sistemas educacionais em sistemas educacionais inclusivos, a inserção da
dimensão inclusiva nos Projeto Político Pedagógico das escolas, com vista à
consideração da diversidade humana.
Ao analisar, o PPP da escola supracitada, observou-se a inexistência do
caráter inclusivo, assim como, não cita como clientela os alunos especiais
apesar de fazerem parte do corpo discente da unidade escolar.
Considerando tais aspectos
foi proposto a elaboração e efetivação do Projeto de Intervenção voltado para a
promoção de momentos de reflexão e estudo sobre as práticas educacionais
inclusivas, mediante a formação continuada da equipe escolar em educação
especial, com a finalidade de proporcionar mudanças de valores e atitudes. Para
tanto os encontros foram organizados levando em
consideração o calendário escolar.
No primeiro encontro apresentou-se o Projeto
de Intervenção e trabalhou-se o mini-curso: Projeto Político-Pedagógico e
escolas inclusivas. Nos grupos de trabalhos respondeu-se os seguintes
questionamentos: O que é o Projeto Político-Pedagógico? O que entendemos por
educação? Qual o papel e a função da escola na formação do cidadão? Qual o
contexto político, econômico e social em que está inserida essa escola. As
respostas obtidas foram significativas sendo possível observar o conhecimento
da equipe a respeito da comunidade na qual trabalha.
Analisando os textos elaborados pelos
integrantes dos grupos de trabalho pode-se constatar que na concepção da
comunidade escolar da Escola Municipal Walfredo Campos Maia, o Projeto Político-Pedagógico
é um documento orientador das ações propostas e desenvolvidas na instituição
durante o ano letivo, envolvendo toda a comunidade escolar e social,
determinando todas as ações que norteiam a escola. Sendo a educação, o
princípio básico e necessário ao convívio social globalizado tornando um
cidadão atuante no meio em que está inserido, onde o papel e a função da escola na
formação do cidadão é formar um cidadão crítico e participativo, capaz de
formar seus próprios conceitos. Ressalte-se que o contexto político, econômico e social em que está
inserida a escola é de uma comunidade composta por
pais humildes, trabalhadores autônomos com pouca instrução.
No
segundo encontro realizou-se a discussão coletiva do mini-curso “Currículo
Escolar e Adequações Curriculares”, no qual a Equipe da Escola Municipal
Walfredo Campos Maia teve a oportunidade de responder os seguintes
questionamentos: Que contribuição essa comunidade espera/precisa dessa escola?
Que resultados essa escola tem mostrado a essa comunidade? Como é a relação
dessa comunidade com a escola? Como tem sido a participação dos pais no
cotidiano escolar? Como tem sido a participação da comunidade no cotidiano
escolar?
A
analise dos textos construídos nos grupos de
trabalhos demonstram que a comunidade local
espera da escola a contribuição com os filhos, no sentido de que, os mesmos se
desenvolvam no processo de ensino-aprendizagem de forma positiva para o
convívio social e ético, precisando valorizar o ser humano nas suas
diversidades. A relação comunidade/escola é
considerada positiva, tendo a colaboração, quando necessária, no
desenvolvimento de algumas atividades que dizem
respeito a eventos realizados na mesma. Quanto à participação dos pais no cotidiano escolar
a equipe afirma que tem sido delicado, devido à
ausência de alguns pais ou responsáveis que não participam da aprendizagem dos
filhos e/ou dependentes.
No
terceiro momento realizou-se o mini-curso: “O
Ensino comum na perspectiva da educação inclusiva”, onde discutiu-se entre
outros temas inerentes à escola o processo avaliativo e a promoção de alunos
com Deficiência, Transtornos Globais de Desenvolvimento, Altas
Habilidades/Superdotação. Os grupos de trabalhos organizados no encontro refletiram
sobre as seguintes questionamentos: Que cidadãos queremos formar? Que tipo de
comunidade essa escola deseja desenvolver? Partindo dos pressupostos abordados
até o momento, qual a missão da escola? Que perfil a escola precisa adquirir
para cumprir essa missão? Com que tipo de gestão escolar precisa para cumprir
essa missão? Com que tipo de profissionais precisa-se contar para cumprir essa
missão? Como deve ser a formação continuada dos professores para cumprir essa
missão? Quais as expectativas do gestor, professores, funcionários, pais e
alunos, quanto ao trabalho da escola?
Analisando as concepções da equipe da escola pode-se
observar que a equipe pensa em formar cidadãos reflexivos, capazes de atos
solidários e cooperativos, compreensivos, tolerantes e confiantes nas relações
com o outro. A escola, segundo os relatos, deseja contribuir para o
desenvolvimento de uma comunidade livre de qualquer estereótipo por falta de
informações e conhecimento, uma comunidade que respeite a diversidade humana.
Sendo a missão da escola, proporcionar o desenvolvimento do potencial de todas
as crianças indiscriminadamente, aceitando e valorizando a diversidade de
classes sociais, de culturas, de estilos individuais de aprender, de
habilidades, de línguas, de religiões, etc., é o primeiro passo para a criação
de uma escola de qualidade para todos.
O
perfil que a escola, na opinião da sua equipe possui, é uma escola onde os
alunos, membros da equipe se ajudam e se respeitam. Os alunos são igualmente
valorizados. Todos os que trabalham na escola são considerados agentes educativos.
Diretor, professores, equipe de apoio administrativo, participam da
reelaboração do projeto político-pedagógico, somente a comunidade e
representantes de alunos que não participam deste processo.
Segundo
a equipe escolar para cumprir a missão proposta pela escola, a gestão escolar
deve promover a mobilização dos professores e funcionários e a constituição do
grupo enquanto uma equipe que trabalhe cooperativa e eficientemente. Da
formação continuada a equipe espera que os conhecimentos adquiridos sejam
utilizados ao máximo pelos profissionais em educação que atuam nesta escola.
As
expectativas apontadas pela equipe é a melhoria das respostas educativas da
escola, reforçando-se o papel de todos os que trabalham na Secretaria de
Educação e na Escola, para que sejam agentes educativos que acreditam no
potencial humano.
V- CONSIDERAÇÕES FINAIS
O Projeto de Intervenção teve como proposta contribuir
para reelaboração do Projeto Político Pedagógico da Escola Municipal Walfredo
Campos Maia, buscando expressar a ousadia de inovar com um jeito
diferente de ser escola, redimensionando o tempo e o espaço escolar, voltado
para a sociedade do conhecimento e não da informação, com uma proposta
humanista.
Um projeto político-pedagógico que apontasse para a superação da cultura
tradicionalmente assumida de simples transmissão de conhecimento, avançando no
sentido da pesquisa e da construção de novos saberes a partir do convívio e das
inter-relações das áreas do conhecimento e destas com a realidade, uma vez que:
O projeto busca
um rumo, uma direção. É uma ação intencional, com um sentido explícito, com um
compromisso definido coletivamente. Por isso, todo projeto pedagógico da escola
é, também, um projeto político por estar intimamente articulado ao compromisso
sócio-político com os interesses reais e coletivos da população majoritária.
(SAVIANI apud VEIGA, 1995, p.93).
O desenvolvimento deste trabalho permitiu constatar que a participação
coletiva da equipe pedagógica e de apoio escolar ocorreu com interesse, empolgação,
curiosidade e compromisso com a reformulação do PPP da Escola Mun. Walfredo
campos Maia.
Através das oficinas, mini-cursos, encontros e reuniões, a equipe escolar
teve a oportunidade de repensar a prática educativa considerando as
particularidades e/ou singularidades dos alunos. Compreenderam que é preciso construir
culturas inclusivas no interior da Escola Municipal Walfredo Campos Maia,
através de atitudes onde os alunos se ajudam, os membros da equipe colaboram
uns com os outros, onde os membros e alunos se respeitam mutuamente, em que
todos os responsáveis compartilham da filosofia de inclusão. Compreenderam
ainda, que o Projeto Político Pedagógico é o instrumento teórico metodológico,
que define as relações da escola com a comunidade na qual está inserida, os
objetivos educacionais do método de ação e as práticas que serão adotadas pela
escola.
A educação inclusiva, partindo do pressuposto
de que o PPP define as relações da escola com a comunidade local, define os
objetivos educacionais das ações da escola e define as práticas adotadas pela
escola, abrange a questão da inclusão social, o processo de tornar
participantes do ambiente social todos aqueles que se encontram, por razões de
qualquer ordem, excluídos.A inclusão social se apresenta como um processo, no
sentido de inserir, no contexto social mais amplo, todos os grupos que por uma
razão ou outra estão em situação de exclusão.
REFERÊNCIAS
BRASIL, Ministério da Educação – Secretaria de Educação
Especial (SEESP). Política nacional de educação especial na
perspectiva da educação inclusiva. Brasília: MEC, 2008
_______ República Federativa do, Constituição Federal. Artigo 205, 1988.
MEC, Ministério da Educação e Cultura, Leis de Diretrizes e Bases da Educação Nacional Lei Nº. 9.394 1996.
MANTOAN. Maria Teresa Eglér. Inclusão Escolar: O que é? Por quê? Como fazer? São Paulo: Moderna,
2003.
VEIGA, Ilma Passos Alencastro (org). Projeto Político Pedagógico: Uma Construção Possível-Campinas, SP:
Papirus, 1995.
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