A EDUCAÇÃO E A ESCOLA “DESINTERESSADAS” II de Adilson Boell[i] /Sandro Luiz Bazzanella[ii]

Conferindo continuidade à reflexão anunciada no primeiro artigo público no dia........., pode-se dizer que as principais teorias educacionais se apresentam em três perspectivas: as tradicionais; as críticas; e as pós-críticas. Segundo Corrêa, (2008, p. 18) “As Teorias Tradicionais se preocupam com questões relativas a: Ensino, aprendizagem, avaliação, metodologia, planejamento, eficiência e objetivos”. “As Teorias Críticas se ocupam de questões como: Ideologia, reprodução cultural e social, poder, classe social, capitalismo, relações sociais de produção, conscientização, emancipação e libertação, currículo oculto, resistência”; “As Teorias Pós-Críticas teorizam sobre identidade, alteridade, diferença, subjetividade, significação e discurso, saber-poder, representação, cultura, gênero, raça, etnia, sexualidade, multiculturalismo”. Em virtude espaço limitado do artigo, não será possível aprofundar as discussões sobre estas teorias, mas o que nos interessa aqui é demonstrar que as propostas educacionais se orientam por estas teorias, ou seja, nada é por acaso. Embora as teorias críticas e pós-críticas venham ganhando cada vez mais espaço no campo educacional as teorias tradicionais continuam hegemônicas. “Refletindo que a cultura pedagógica conservadora ainda esta enraizada profundamente na população brasileira” (CORDIOLLI citado por CORRÊA, 2008, p. 33). Trilhar outros caminhos e perspectivas educacionais, no sentido de superar os equívocos e os modismos que se abatem sobre a educação e educadores, bem como questionar a “tradicional” forma de “educar” é um dos desafios que se apresentam em nosso contexto.

E neste sentido, definir propostas educacionais tem como pressuposto uma concepção de educação, o que significa ter presente as dificuldades implicadas nesta condição, pois existem inúmeras formas de compreensão sobre o que é educação e o ato de educar. MASKE (2008) chama a atenção para as dificuldades de consenso sobre uma única definição do que é educação, ao afirma que “Não há apenas inúmeras concepções de educação, mas sim e principalmente, diferentes projetos de educação, cada qual com diferentes nuances, ênfases, finalidades, propósitos, justificativas e modos de desenvolvimento do conhecimento” (MASKE, G. SALIBA. 2008, p. 14). O que é possível consensuar é que indiferentemente de qual seja a definição de educação, todas elas são precedidas de percepções e visões de homem e de mundo, sendo estas visões e percepções determinantes na construção destas definições.

Demerval Saviani (2001) em seu livro Pedagogia histórico-crítica, apresenta um conceito para educação que nos parece servir aos propósitos desta série de reflexões. Segundo este autor a educação é “o ato de produzir, direta e intencionalmente, em cada individuo singular, a humanidade que é produzida historicamente e coletivamente pelo conjunto dos homens” (SAVIANI, 2001, p. 17).

O individuo como ser social necessita para educar-se, compartilhar dos conhecimentos historicamente produzidos e a partir deles transformar a si e ao meio onde está inserido. É nesta perspectiva de produção direta e intencional do conhecimento que as práticas educativas, a nosso ver, aparecem como uma poderosa ferramenta a ser utilizada neste processo.

Sob todos os aspectos e argumentos aqui apresentados, faz-se urgente e necessário à comunidade educativa (autoridades educacionais em todas as instâncias, pais, professores, educandos, universidades, empresários, cidadãos), colocar em debate público, nos jornais, nas rádios, nas Tv’s, Associações de Moradores, suas preocupações, questionamentos e concepções educacionais. Afinal, um país soberano se constrói com muitas e boas idéias disseminadas entre sua população.

Nossa série de reflexões continua na próxima edição, até lá aproveite para refletir publicamente sobre o assunto.

[i] Adilson Boell é Mestrando em Desenvolvimento Regional, pela UnC / Canoinhas.


[ii] Sandro Luiz Bazzanella – Professor da UnC e doutorando pela Universidade Federal de Santa Catarina.

Referêncvias: CORRÊA, Adriana: CURRÍCULO: teoria e prática. Blumenau: Edifurb; Gaspar: SAPIENCE Educacional, 2008. FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia. 8º Ed. Rio de Janeiro: 1998. MANSKE, G. Saliba e AMORIM W. Lima: Fundamentos da Interdisciplinaridade na Prática Pedagógica. Blumenau: Edifurb; Gaspar: SAPIENCE Educacional, 2008. SAVIANI, D: Pedagogia História-crítica: Primeiras aproximações. 7º ed. Campinas: autores associados 2001.

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