ARQUITETURA
DA ESCOLA AUXILIA NA CONSTRUÇÃO DA APRENDIZAGEM
Versatilidade dos espaços
permite mudanças de acordo com o aspecto de ensino e aprendizagem a ser
priorizado
Referência
mundial na educação, a Finlândia leva inovação para seus modelos de escola: a
estrutura física das instituições de ensino também começa a acompanhar as
inovações educacionais que tornaram o país um modelo de sucesso.
As escolas
finlandesas passam por uma série de mudanças estruturais que são parte de um
dos maiores projetos de reconfiguração de escolas na Europa; salas de aula
fechadas com carteiras enfileiradas estão sendo substituídas por espaços que
seguem o modelo de plano aberto.
A
mudança é parte de uma tendência que começou ainda em 2016, com a introdução de
um novo currículo nacional. Desde então, 101 escolas começaram a ser
construídas priorizando espaços abertos – grande parte das escolas do país,
construídas antes dessa nova onda, ainda segue o modelo tradicional, mas a
expectativa é que todas sejam revitalizadas gradualmente para se adaptarem ao
novo modelo.
“Acreditamos
que uma arquitetura inspiradora pode oferecer às crianças um incentivo positivo
para crescer e aprender, e transformar os momentos de aprendizagem em
experiências empolgantes”, justificou o arquiteto do escritório Verstas
Architects, responsável pela construção de uma escola na cidade de Espoo, uma
das primeiras a incorporar o novo modelo.
Versátil
e adaptável
O
modelo escolhido para as novas escolas se alinha aos princípios do modelo
educacional: a escola deve ser um espaço para promoção do crescimento, saúde e
aprendizagem dos alunos, além de proporcionar interações positivas com os
professores e colegas. A prioridade é construir espaços calmos e integrados,
com móveis e estruturas que prezam pela variedade e versatilidade.
Essas
mudanças são reflexo da filosofia educacional do país, que preza pela autonomia
dos professores e alunos. Na Finlândia, educadores são incentivados a
construírem suas próprias metodologias de ensino e os alunos têm a liberdade de
organizarem o aprendizado, que pode variar a cada semana. O mesmo acontece com
a configuração física da escola; a versatilidade dos espaços permite mudanças
de acordo com o aspecto de ensino e aprendizagem a ser priorizado.
“Alguns
estudantes não se sentem confortáveis em uma sala de aula tradicional”, diz
Salminen. “Todos os espaços interiores e exteriores são lugares com potencial
para aprendizagem”.
Mudança
de enfoque
A alteração nas salas de aula representa uma
mudança no enfoque do ensino. Adotadas na década de 1950, durante o auge da
industrialização, as salas tradicionais seguem um modelo fabril que coloca o
foco do ensino no professor. Hoje, educadores e especialistas se voltam para o
aluno e suas necessidades de aprendizagem.
O
modelo de ensino finlandês é voltado para a autonomia dos docentes, que são
incentivados a construir metodologias e fazer trocas de conhecimentos e métodos
com seus colegas.
Para
facilitar essa interação, as salas de professores nas novas escolas finlandesas
têm espaços dedicados para o trabalho e para o lazer – a expectativa é
incentivar o diálogo de forma casual e social.
Realidade
nacional
No
Brasil, o modelo de sala de aula ainda reproduz o padrão de carteiras
enfileiradas e alunos sentados de frente para o quadro – diretamente ligado ao
padrão de ensino, com o professor passando o conteúdo e os alunos recebendo de
forma passiva. Mas com a adoção de novos modelos pedagógicos, a tendência é que
a configuração da sala de aula também passe por mudanças.
“O
espaço físico escolar também deve ser alvo de reflexão para que se consiga
criar o ambiente ideal, mais propício ao aprendizado”, defende Acedriana
Vicente Sandi, diretora pedagógica da Editora Positivo. Segundo ela, os
estudantes de hoje têm um novo perfil de aprendizado, que deve ser compreendido
para organizar a escola de uma forma que traga mais benefícios para o seu
desenvolvimento.
“Se
ficarmos com a modelagem anterior, o aluno atual não se sente incluído, nem
estimulado. Precisamos, portanto, pensar não apenas no conteúdo e nas práticas
de ensino, mas também no design e arquitetura do ambiente escolar”, diz.
Essas
mudanças já fazem parte do modelo do Colégio Positivo Internacional. Com salas
de aula 360º, ambientes específicos para determinados projetos e atividades e
espaços conceituais, os ambientes foram projetados para serem os mais
apropriados para as atividades que os professores pretendem desenvolver.
“As salas do Ensino Fundamental II são 360º,
os estudantes não sentam mais um atrás do outro e, a cada duas horas, eles
trocam de ambiente. Essa mobilidade permite que os conteúdos sejam abordados em
estações de aprendizagem específicas. Os alunos não ficam presos num mesmo
espaço o tempo todo”, descreve Audry Castello Branco, diretora do Colégio
Positivo Internacional.
Os alunos têm acesso a outros ambientes
planejados, como o solarium, o musical hall, a horta nas salas da educação
infantil e salas de convivência: “Tudo o que contribui para o bem-estar e a
felicidade dos alunos traz bons resultados quando o assunto é o desempenho
desses estudantes.”
Fonte:
Carlos
Eduardo Carvalho, especial para a Gazeta do Povo
[28/10/2017]
http://www.gazetadopovo.com.br/educacao/arquitetura-da-escola-auxilia-na-construcao-da-aprendizagem-0spzc9d4oao28nvswxs5g8cf2
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