SEIS CARACTERÍSTICAS DO PROFESSOR DO SÉCULO 21
Conheça seis profissionais que já
incorporaram as qualidades do novo educador à rotina e comprovaram que se
aperfeiçoar faz toda a diferença na aprendizagem da turma
1 Ter boa formação
O mestrado é o caminho natural
"Eu me formei em
Letras há 20 anos e, assim que fiquei frente a frente com os alunos, percebi
que não estava preparada para tantos desafios didáticos. Logo me dei conta de
que os bons educadores, aqueles que realmente fazem a turma aprender, são os
que não param de estudar. Comecei procurando textos para ler por conta própria.
Levava esse material para a escola e discutia sobre ele com a equipe. Isso não
só me ajudou a dominar cada vez mais o conteúdo curricular como também me deu
ferramentas para pensar em novas formas de abordá-lo durante as aulas. Para me
aperfeiçoar ainda mais, senti que precisava voltar à universidade. Optei por
cursar um mestrado em Língua Portuguesa na Pontifícia Universidade Católica de
São Paulo (PUC-SP). Estudei a questão gramatical, o que me deu embasamento para
trabalhar o tema com meus alunos de 5ª a 7ª séries. No início da carreira, eu
tinha uma visão mais tradicionalista. Valorizava apenas a parte formal da
gramática, acreditando que os estudantes deveriam saber de cor o que é um
advérbio e um adjetivo. Quando passei a ter acesso à bibliografia sobre o tema,
percebi que mais importante é eles compreenderem a função desses elementos na
construção do sentido do texto. Eu também tinha uma noção simplista de certo e
errado até entender a lógica dos ditos erros gramaticais dos alunos. A
integração entre o mestrado e a experiência em sala de aula leva a reflexões
sistemáticas que eliminam barreiras entre a teoria e a prática. Acredito que a
boa formação é o caminho para a Educação pública dar um salto de qualidade. Só
assim os educadores vão dominar os conteúdos, fazer um planejamento de acordo
com as diretrizes da rede e a realidade dos alunos e avaliar a própria prática.
Sinto cada vez mais confiança em relação a meus conhecimentos e, quanto mais
estudo, mais percebo como isso é imprescindível para ensinar bem."
Mariléa Giacomini Arruda , 57 anos, professora de Língua Portuguesa na EMEF Antonio Sampaio Dória, em São Paulo, SP
Mariléa Giacomini Arruda , 57 anos, professora de Língua Portuguesa na EMEF Antonio Sampaio Dória, em São Paulo, SP
Diploma
para todos
Graduação para os que ainda não se formaram e pós para os demais - assim se persegue a qualidade
1996 A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) determina que os docentes devem ter curso superior. O médio vale para Educação Infantil e anos iniciais.
2001 O Plano Nacional de Educação (PNE) estabelece metas para ampliar a oferta em cursos de mestrado e doutorado para professores da Educação Básica
2006 É instituído o Sistema Universidade Aberta do Brasil (UAB) com cursos a distância para levar a graduação aos professores dos rincões do país.
2007 Fim do prazo para que somente fossem admitidos professores com nível superior ou formados por treinamento em serviço, como previsto na LDB.
2009 Termina o prazo para que os estados elaborem planos de carreira docente. Muitas redes preveem salário maior para mestres e doutores.
2010 O Senado aprova a obrigatoriedade do nível superior para lecionar na pré-escola e nas séries iniciais. O projeto ainda tramita na Câmara dos Deputados.
Graduação para os que ainda não se formaram e pós para os demais - assim se persegue a qualidade
1996 A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) determina que os docentes devem ter curso superior. O médio vale para Educação Infantil e anos iniciais.
2001 O Plano Nacional de Educação (PNE) estabelece metas para ampliar a oferta em cursos de mestrado e doutorado para professores da Educação Básica
2006 É instituído o Sistema Universidade Aberta do Brasil (UAB) com cursos a distância para levar a graduação aos professores dos rincões do país.
2007 Fim do prazo para que somente fossem admitidos professores com nível superior ou formados por treinamento em serviço, como previsto na LDB.
2009 Termina o prazo para que os estados elaborem planos de carreira docente. Muitas redes preveem salário maior para mestres e doutores.
2010 O Senado aprova a obrigatoriedade do nível superior para lecionar na pré-escola e nas séries iniciais. O projeto ainda tramita na Câmara dos Deputados.
2 Usar as novas tecnologias
Um recurso a favor dos conteúdos
"Leciono Matemática
há 12 anos e sempre acreditei que a tecnologia pode facilitar o ensino. Ainda
hoje, no entanto, alguns educadores não se sentem capacitados para aproveitar o
recurso e outros, empolgados, fazem uso dele em qualquer atividade sem
planejamento. Infelizmente, em ambos os casos, saem perdendo os alunos e os
próprios professores, que deixam de ter a seu favor uma ferramenta de ensino
essencial. Aprendi a importância de analisar quais conteúdos podem ser ensinados
com o auxílio da tecnologia. Com isso, além de aprimorar nossa prática, damos
oportunidade aos estudantes de desenvolver habilidades tecnológicas básicas no
mundo de hoje, como saber usar um editor de texto e uma planilha. O mestrado em
uso das tecnologias, que fiz na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC),
me deu meios para trabalhar com mais qualidade alguns conceitos matemáticos.
Com as turmas da 6ª série para as quais leciono atualmente, por exemplo, passei
a usar planilhas eletrônicas no trabalho com operações e, principalmente, de
tratamento da informação e porcentagem. Os alunos fazem cálculos nas planilhas
e depois criam gráficos que melhor representam os resultados obtidos. Os
recursos disponíveis hoje não se aplicam só à minha disciplina. Na escola em
que atuo, há professores de Língua Portuguesa que conjugam o ensino de novos
gêneros, como blogs e fotologs, à produção de texto. O fato é que nossos alunos
são formados dentro da cultura digital e profundamente influenciados por ela.
Com a democratização do uso da internet, o crescimento do número de lan
houses, o barateamento dos computadores e mesmo a implantação de
programas de governo destinados à informatização das escolas, não há por que
trabalhar usando somente o quadro e o giz. Cabe a nós entender como se dá esse
processo e nos atualizar de forma a desafiar os estudantes."
Flaviana Meneguelli, 32 anos, professora de Matemática na Escola Básica Municipal Intendente Aricomedes da Silva, em Florianópolis, SC
Flaviana Meneguelli, 32 anos, professora de Matemática na Escola Básica Municipal Intendente Aricomedes da Silva, em Florianópolis, SC
Mais
computadores nas escolas
A orientação atual é usar essa ferramenta como meio, e não como fi m em si mesma
1981 É realizado na Universidade de Brasília (UnB) o Primeiro Seminário Nacional de Informática na Educação, com apoio do Ministério da Educação (MEC).
1989 O MEC institui o Programa Nacional de Informática na Educação (Proninfe) para desenvolver a informática educativa e seu uso nas redes.
1997 O Programa Nacional de Informática na Educação é rebatizado de Proinfo e prevê laboratórios de informática nas escolas.
2009 Pesquisa da Fundação Victor Civita (FVC) mostra que 73% das escolas estaduais têm laboratório de informática, e 83%, banda larga.
A orientação atual é usar essa ferramenta como meio, e não como fi m em si mesma
1981 É realizado na Universidade de Brasília (UnB) o Primeiro Seminário Nacional de Informática na Educação, com apoio do Ministério da Educação (MEC).
1989 O MEC institui o Programa Nacional de Informática na Educação (Proninfe) para desenvolver a informática educativa e seu uso nas redes.
1997 O Programa Nacional de Informática na Educação é rebatizado de Proinfo e prevê laboratórios de informática nas escolas.
2009 Pesquisa da Fundação Victor Civita (FVC) mostra que 73% das escolas estaduais têm laboratório de informática, e 83%, banda larga.
3 Atualizar-se nas novas didáticas
Um jeito de ensinar cada disciplina
"Quando assumi uma
sala de aula pela primeira vez, senti dificuldade por não ter um grande domínio
das didáticas. Na faculdade, procurei aprender o máximo sobre isso e, como
leciono nas primeiras séries do Ensino Fundamental, tenho de me preparar em
todas as áreas. O trabalho com Língua Portuguesa é estratégico nesses anos
iniciais. Para dar conta disso, assim que terminei a graduação, já estava
fazendo uma extensão universitária sobre práticas de leitura na Universidade
Federal de Pernambuco (UFPE). Também me aprimorei em relação à escrita num curso
que abordou as situações didáticas fundamentais na alfabetização. Nunca perco
as formações oferecidas pela rede e esse foi o meio de me atualizar em relação
à didática da Matemática. No curso, conheci as últimas pesquisas sobre o tema,
entendi como as crianças aprendem e de que forma encaminhar as atividades para
facilitar a aprendizagem. Participei ainda de cursos em História, Geografia e
Arte. Faz toda a diferença no dia a dia na sala de aula ter contato com as
obras de autores consagrados e se aprofundar nas didáticas específicas. Para
resolver outra demanda essencial - ensinar alunos com deficiência -, fiz
um curso de pós-graduação em Psicopedagogia. Com as aulas, aprendi formas
de interagir com eles e a identificar que atividade é mais eficaz para cada
tipo de dificuldade. Invisto muito do meu tempo em todos esses cursos, mas isso
acaba facilitando meu trabalho e me fornece instrumentos para enfrentar as
dificuldades em sala. Hoje tomo decisões com mais segurança e, quando vejo o
quanto os estudantes estão avançando, percebo que estou no caminho certo. Os
resultados da Prova Brasil mostram o impacto da formação no meu trabalho: as
notas da minha sala são muito maiores do que as médias nacional, estadual e
municipal."
Sandra de Amorim Silva Cavalcanti, 29 anos, professora na EM Professor Aderbal Galvão e coordenadora de projetos da rede municipal do Recife, PE
Sandra de Amorim Silva Cavalcanti, 29 anos, professora na EM Professor Aderbal Galvão e coordenadora de projetos da rede municipal do Recife, PE
Diretrizes
curriculares mais precisas
Cada vez mais o ensino se baseia nos estudos sobre como as crianças aprendem
1970 São publicadas no Brasil as primeiras obras de Jean Piaget (1896-1980) sobre o desenvolvimento infantil, abrindo as portas para o estudo das didáticas.
1988 São lançados os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs), contendo orientações didáticas relativas a todas as disciplinas.
1999 O MEC elabora o Referencial Curricular para a Formação de Professores, com orientações para o trabalho com as didáticas de cada disciplina.
2008 A rede municipal de São Paulo lança orientações curriculares baseadas nas últimas pesquisas didáticas e é seguida por outras redes.
Cada vez mais o ensino se baseia nos estudos sobre como as crianças aprendem
1970 São publicadas no Brasil as primeiras obras de Jean Piaget (1896-1980) sobre o desenvolvimento infantil, abrindo as portas para o estudo das didáticas.
1988 São lançados os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs), contendo orientações didáticas relativas a todas as disciplinas.
1999 O MEC elabora o Referencial Curricular para a Formação de Professores, com orientações para o trabalho com as didáticas de cada disciplina.
2008 A rede municipal de São Paulo lança orientações curriculares baseadas nas últimas pesquisas didáticas e é seguida por outras redes.
4 Trabalhar bem em equipe
Na troca de ideias, todos ganham
"Sou professora há
mais de 17 anos e hoje tenho total clareza de que, conversando com os demais
professores e com a orientadora pedagógica, é possível descobrir formas mais
eficazes de ensinar. Na minha escola, o trabalho em equipe realmente funciona.
Há mais de uma turma de crianças da Educação Infantil da mesma idade, o que
permite compartilhar informações sobre um mesmo programa. Juntos, planejamos as
atividades, analisamos o que funcionou ou não e pensamos no que é preciso fazer
para melhorá-las. Além disso, semanalmente, me reúno com a orientadora
pedagógica, que me ajuda a ver problemas nas estratégias que estou usando e me
faz refletir sobre pontos importantes do desenvolvimento das crianças. O
relacionamento também ocorre com os colegas que lecionam em outros níveis.
Fazemos avaliações individuais dos pequenos em cada eixo curricular e
registramos em que cada um precisa se desenvolver mais. No fim do semestre,
essas informações são compartilhadas com o professor que vai acompanhar a turma
no ano seguinte. Assim, ele fica sabendo quem é cada um, o que sabe, que
dificuldades apresenta e os pontos que necessitam de atenção. Os pais são
outros grandes aliados no processo de ensino e aprendizagem. Aproveitamos que
eles trazem o filho e conversamos sobre a participação dele em sala. Quando a
criança apresenta alguma dificuldade, logo eles são avisados para que possam
acompanhar de perto. Orientamos sobre como pode ser a ajuda em casa porque,
afinal, eles não são educadores e não sabem exatamente como fazer isso. Nas
reuniões de pais, que são periódicas, explicamos nossa concepção de trabalho
para que entendam como diferentes atividades favorecem o ensino da leitura,
entre outras habilidades. Quando todos - família, professores e gestores - se
envolvem, a criança sempre ganha."
Patrícia Lemes Mullin, 39 anos, professora de pré-escola na EMEI Professora Marianita de Oliveira Pereira Santos, em São José dos Campos, a 91 quilômetros de São Paulo
Patrícia Lemes Mullin, 39 anos, professora de pré-escola na EMEI Professora Marianita de Oliveira Pereira Santos, em São José dos Campos, a 91 quilômetros de São Paulo
O
fim do planejamento solitário
A troca de experiências com colegas e coordenadores é cada vez mais incentivada para aprimorar a prática
1961 A primeira LDB prevê a existência de orientadores e supervisores na escola, que deveriam ter no mínimo fomação no curso Normal.
1990 As redes passam a ver o coordenador como responsável pelo trabalho pedagógico e por aprimorar a técnica de ensino. O gestor deve aproximar a família da escola.
1996 A LDB determina que as redes reservem algumas horas (remuneradas e incluídas na jornada) para a equipe estudar e planejar as aulas coletivamente.
1998 Com os PCNs e o Projeto Político Pedagógico (PPP) construído coletivamente pelas escolas, o coordenador passa a auxiliar melhor a equipe.
2008 A Lei do Piso Salarial do Magistério propõe o mínimo de 1/3 da jornada para formação, o que está sob análise do Supremo Tribunal Federal.
2010 Diversas redes, como a estadual de São Paulo, a maior do país, reservam 1/3 da carga horária dos professores para a formação em serviço.
A troca de experiências com colegas e coordenadores é cada vez mais incentivada para aprimorar a prática
1961 A primeira LDB prevê a existência de orientadores e supervisores na escola, que deveriam ter no mínimo fomação no curso Normal.
1990 As redes passam a ver o coordenador como responsável pelo trabalho pedagógico e por aprimorar a técnica de ensino. O gestor deve aproximar a família da escola.
1996 A LDB determina que as redes reservem algumas horas (remuneradas e incluídas na jornada) para a equipe estudar e planejar as aulas coletivamente.
1998 Com os PCNs e o Projeto Político Pedagógico (PPP) construído coletivamente pelas escolas, o coordenador passa a auxiliar melhor a equipe.
2008 A Lei do Piso Salarial do Magistério propõe o mínimo de 1/3 da jornada para formação, o que está sob análise do Supremo Tribunal Federal.
2010 Diversas redes, como a estadual de São Paulo, a maior do país, reservam 1/3 da carga horária dos professores para a formação em serviço.
5 Planejar e avaliar sempre
Observar para reorientar o trabalho
"Comecei a dar aula
aos 18 anos, enquanto cursava o Magistério. Na época se falava pouco de
planejamento. Avaliação era sinônimo de prova e nada mais. Foi na licenciatura
em Matemática que entendi a importância de usar meios avaliativos para checar o
que de verdade os alunos aprenderam e, com isso, verificar a qualidade e a
consistência das estratégias de ensino para reorientar o trabalho em sala.
Minha escola tem um currículo bem estruturado e sei quais são as expectativas
de aprendizagem para cada conteúdo. Como leciono para o 6º ano, ter clareza do
que os alunos dominam em relação ao programa do segmento anterior é fundamental
para garantir que eles acompanhem o andamento das atividades. Começo sempre com
uma sondagem e, com base nesse levantamento, programo maneiras de retomar o que
não foi aprendido. Na hora de introduzir um conteúdo, proponho situações
diversas antes de entrar na teoria propriamente dita, definindo estratégias e
fórmulas e sistematizando o que vimos na prática. Durante todo o ano, vão se
alternando os momentos de planejamento, as aulas e a avaliação - que não se
baseia apenas em provas. Observo e registro as estratégias usadas pelos alunos,
as dificuldades e os avanços deles, além de olhar os cadernos. Assim, procuro
não deixar as dúvidas se acumularem e logo intervenho. Quando identifico alunos
com dificuldades, me concentro em ajudá-los, enquanto quem está em dia com a
matéria se ocupa de outras atividades. Trabalhos em grupo, durante as quais os
colegas se ajudam, também são essenciais. Algumas vezes, como lição de casa,
proponho desafios complexos para a garotada. Isso me ajuda a ver até que ponto
todos entenderam o que foi visto e se conseguem usar um conhecimento em
diferentes contextos. Esse é mais um jeito de aproveitar da melhor maneira o
potencial da turma e tornar meu trabalho ainda mais produtivo."
Greicy Silva, 28 anos, professora de Matemática no Ciep Municipal Alexandre Bacchi, em Guaporé, a 200 quilômetros de Porto Alegre
Greicy Silva, 28 anos, professora de Matemática no Ciep Municipal Alexandre Bacchi, em Guaporé, a 200 quilômetros de Porto Alegre
Currículo
e avaliação ganham destaque
Saber o que ensinar e checar a aprendizagem da turma constantemente são a base do trabalho docente
1990 É criado o Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb), que permite às equipes escolares analisar a qualidade do ensino oferecido.
1996 Com a LDB, se intensificam as discussões sobre o currículo nas redes de ensino. O MEC passa a realizar encontros regionais e nacionais sobre o tema.
1998 Os PCNs trazem a primeira tentativa de uma matriz curricular nacional ao dividir os conteúdos em eixos e explicitar os objetivos de cada área.
2000 O país participa pela primeira vez do Programa Internacional de Avaliação dos Alunos (Pisa), possibilitando a comparação com outros países.
2005 É criada a Prova Brasil, que analisa o desempenho de todas as salas de aula da 4ª e 8ª séries, permitindo a professores e gestores avaliar o próprio trabalho.
2008 A rede municipal de São Paulo é a primeira a publicar orientações curriculares com expectativas de aprendizagem para cada disciplina.
Saber o que ensinar e checar a aprendizagem da turma constantemente são a base do trabalho docente
1990 É criado o Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb), que permite às equipes escolares analisar a qualidade do ensino oferecido.
1996 Com a LDB, se intensificam as discussões sobre o currículo nas redes de ensino. O MEC passa a realizar encontros regionais e nacionais sobre o tema.
1998 Os PCNs trazem a primeira tentativa de uma matriz curricular nacional ao dividir os conteúdos em eixos e explicitar os objetivos de cada área.
2000 O país participa pela primeira vez do Programa Internacional de Avaliação dos Alunos (Pisa), possibilitando a comparação com outros países.
2005 É criada a Prova Brasil, que analisa o desempenho de todas as salas de aula da 4ª e 8ª séries, permitindo a professores e gestores avaliar o próprio trabalho.
2008 A rede municipal de São Paulo é a primeira a publicar orientações curriculares com expectativas de aprendizagem para cada disciplina.
6 Ter atitude e postura profissionais
Todos os alunos podem aprender
"Meu primeiro
trabalho na rede pública foi com turmas de 6º, 7º e 9º anos e, no início, me
senti desanimado. Os alunos eram indisciplinados, não tratavam bem uns aos
outros e discutiam bastante. O contexto social em que viviam era difícil e
cheguei a questionar se seria mesmo possível ensinar diante dessas
circunstâncias. Mas, em vez de desistir, resolvi investigar melhor o porquê da
indisciplina - e isso fez toda a diferença no meu trabalho. Percebi que, ao não
se sentirem ouvidos, os jovens perdiam o interesse pelas aulas. Era necessário
valorizar o que eles sabiam e, sobretudo, respeitar seu cotidiano. Fiz isso,
por exemplo, quando discuti a situação dos negros hoje, traçando um paralelo
com as questões históricas da escravidão. Ouvi o que pensavam sobre isso:
muitos citaram o preconceito como um grande problema vivido por eles. Assim, a
aprendizagem do conteúdo começou a fazer sentido e eles passaram a ficar mais
atentos às aulas. Ainda assim, se surgia alguma briga, eu deixava claro que,
como qualquer outro lugar, a sala de aula também tem normas de convivência. Em
vez de impor regras, coloquei o tema em discussão e os atritos diminuíram. O
que me fez mudar a postura foi a crença de que todos, independentemente de seu
histórico e comportamento, têm a capacidade e o direito de aprender e, por
isso, devemos sempre esperar o melhor de cada um. Todo docente deve analisar
cada caso, olhar para as dificuldades de convivência, pensar em estratégias
para sanar os problemas e criar o melhor ambiente para a aprendizagem. Envolver
os pais nesse processo ajuda. Deixo claro para eles que é essencial mostrar aos
filhos como se importam com a vida escolar deles. O que ocorre na sala de aula
é reflexo da Educação como um todo. Para discutir com colegas sobre como as
políticas públicas se afastam ou se aproximam do que o docente precisa, me
tornei monitor no Centro de Políticas Públicas e Avaliação da Educação, da
Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). Essa reflexão deveria se estender
a todos nós, professores, os principais interessados, juntamente com os alunos,
na melhoria da qualidade do ensino."
Leandro Pereira Matos, 26 anos, professor de História na EM União da Betânia, em Juiz de Fora, a 276 quilômetros de Belo Horizonte
Leandro Pereira Matos, 26 anos, professor de História na EM União da Betânia, em Juiz de Fora, a 276 quilômetros de Belo Horizonte
O
professor se torna agente da educação
Investir no estudante e discutir políticas públicas também é papel de quem leciona
1960 Começa a ser discutido um novo conceito de Educação baseado na valorização do saber da criança e do professor como mediador da aprendizagem.
1990 Nessa década, com a chegada à rede pública de milhões de alunos que estavam fora do sistema, o professor tem de rever sua concepção de ensino.
1996 Ao possibilitar os ciclos no Ensino Fundamental, a LDB dá aos professores a chance de atender aos que necessitam de um tempo maior para aprender.
2005 O Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) permite ao professor acompanhar o desempenho de sua escola e da rede em que leciona.
Investir no estudante e discutir políticas públicas também é papel de quem leciona
1960 Começa a ser discutido um novo conceito de Educação baseado na valorização do saber da criança e do professor como mediador da aprendizagem.
1990 Nessa década, com a chegada à rede pública de milhões de alunos que estavam fora do sistema, o professor tem de rever sua concepção de ensino.
1996 Ao possibilitar os ciclos no Ensino Fundamental, a LDB dá aos professores a chance de atender aos que necessitam de um tempo maior para aprender.
2005 O Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) permite ao professor acompanhar o desempenho de sua escola e da rede em que leciona.
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