CRISE NO MODELO EDUCACIONAL
Acadêmico:
Paulo Sérgio Paul
Resumo: A crise na educação estende-se a
vários países principalmente na América, pois criou-se juntamente com a
imigração a concepção de nova ordem, assim tentando afastar o velho mundo do
novo ideal criado. Porém essa nova ordem trouxe problemas de caráter principal
à educação, principalmente no seu modelo pedagógico. Assim dentro dos
argumentos seguintes serão esclarecidas questões de cunho central, e ainda
propostas para tal crise.
Palavras-chave: Crise
educacional; Velho mundo; Nova Ordem.
Introdução
A educação hoje passa por sérios problemas de
conscientização, aprendizagem e ensino. Porém para tentar entende o que
acontece hoje é um desafio na qual muitos teóricos já vinham a entender desde o
inicio do século XX.
Assim este artigo busca encontrar em
Hannah Arendt (1906 – 1975) em seu ensaio A CRISE NA EDUCAÇÃO (1957) alguns
problemas acerca da educação, como a politização na educação, segundo a
filósofa, as crianças devem conhecer o mundo velho, o que já se passou, a
matemática e a linguagem.
ENTENDENDO A CRISE
Dentre as várias formas de ensino
hoje no Brasil (não só) seja em escolas públicas ou privadas, a educação esta
cada vez voltada mais a tecnologia e ao mundo novo, as inovações de uma era
moderna que se caracteriza por fortes revoluções.
Desde 1789 quando estava em auge a
Revolução Francesa, vários paradigmas forma criados acerca da noção de
liberdade, igualdade e etc. Porém a educação tanto na França quanto no resto da
Europa continuou num sentido tradicional, aprendia-se sobre o mundo velho, a
matemática, a linguagem a história, a tradição. Porém a partir da colonização e
do processo de emancipação da América (em especial dos EUA) cria-se a
ideologização de um novo mundo, de novas regras tecnologias e a quebra com a
tradição.
No entanto essa nova ideologia
passou a ser aplicada nas escolas como forma de educar e conscientizar e
politizar as crianças de que um mundo novo seria um mundo melhor. Segundo
Hannah Arendt (1957, p. 23):
[...]
a educação desempenha na América um papel diferente, de natureza política,
incomparavelmente mais importante do que em outros países. A explicação técnica
consiste obviamente no fato de a América ter sido sempre uma terra de
imigrantes. Nessas circunstâncias, é óbvio que só a escolarização, a educação e
a americanização dos filhos dos imigrantes pode realizar essa tarefa
imensamente difícil de fundir os mais variados grupos étnicos [...].
Sendo assim essa vontade de repassar
a nova ordem às crianças pode se tornar algo fortemente problemático, pois é
imposto que as crianças aprendam a se politizar, a aprender a desenvolver um
novo mundo, independente dos métodos, seja convencendo ou pela repressão, como
diz Arendt (1957, p. 26) :
No
que diz respeito à política há aqui, obviamente, uma grave incompreensão: uma
vez que o indivíduo se juntar aos seus semelhantes assumindo o esforço de os
persuadir e correndo o risco de falhar, opta por uma intervenção ditatorial
baseada na superioridade do adulto [...].
Esse tipo de educação geralmente é repassado por movimentos
revolucionários, acreditam fielmente que sendo possuidores de uma verdade
(ainda neste caso, nem se quer questionam-se se realmente existe uma) vêem-se
no direito de implantar por força o que enaltecem como sentido único.
Movimentos tirânicos geralmente tem essa vontade de monopolizar a verdade,
endoutrinar as pessoas, isso começando pelas crianças que serão os futuros
adultos, assim criam-se perspectivas inalteráveis dentro de uma sociedade uma
vez que a educação está a serviço de uma ordem, desvirtuado-se do real caminho
do ensino. De acordo com Arendt (1957, p.26)
Quem
quiser seriamente criar uma nova ordem política através da educação, quer dizer,
sem usar nem a força e o constrangimento nem a persuasão, tem que aderir à
terrível conclusão platônica: banir todos os velhos do novo estado a fundar.
Mesmo no caso em que pretende se educar as crianças para virem a ser cidadãos
de um amanhã utópico, o que efetivamente se passa é que se lhes está a negar o
seu papel futuro no corpo político pois que, do ponto de vista dos novos, por
mais novidades que o mundo adulto lhes possa propor, elas serão sempre mais
velhas que eles próprios.
Pensando-se assim, é visível que a
política deve se dar entre pessoas adultas, que são possuidoras de um amplo
conhecimento do velho mundo, assim tem a capacidade de refletir e propor
questões fundamentais para uma sociedade posterior, o futuro. Também podemos
tirar por conclusão que, as crianças não podem ser afetadas por propostas
políticas, pois ela tem de viver essa fase onde se é preciso aprender sobre o
mundo, não a mudá-lo, “deixar as crianças serem crianças”. Ainda diz Arendt
(1957, p.27):
Faz
parte da natureza da condição humana que cada nova geração cresça no interior
de um mundo velho, de tal forma que preparar uma nova geração para um mundo
novo, só pode significar que se deseja recusar aqueles que chegam de novo a sua
própria possibilidade de inovar.
Desde então tais perspectivas nos levam a pensar que a educação hoje no
Brasil e em grande parte do mundo (fora as que possuem embasamentos
tradicionais) estão emersas em uma profunda crise, ainda que não tenham claro
seu real sentido, pois, a educação deve revolucionar ou a educação deve apenas
mostrar possibilidades dentro de uma perspectiva histórico-social, onde o que
esta em jogo é aprender as ciências que foram produzidas até então. Neste caso
então o que se tem de educação moderna seria um disfarce, uma farsa, onde não
nos leva a conhecer de fato o que se é importante dentro de uma sociedade e sim
o movimento circular de uma nova ordem, as inovações que acabam se tornando
repetitivas pelo fato de inovarem, caindo num posso de incertezas e
obscuridades.
Ainda dentro de uma crise tão profunda quanto a educacional, podemos
levar questões quanto a autoridade do professor em sala de aula e sua própria
formação, algo mais do que nunca importante para o desenvolver da educação. É
forte nos dias de hoje a pedagogia da libertação, os alunos devem ter
autonomia, o professor deve delimitar ao máximo sua autoridade perante a
classe. Essa concepção pedagógica em seus sentidos é controversa, pois na
medida em que tira a autoridade do professor, dá-se a mesma a classe de alunos
(as crianças) o que num sentido único acaba se tornando nada mais de que uma
tirania infantil. Segundo Arendt (1957, p.32)
Na
verdade, a autoridade de um grupo, ainda que seja de um grupo de crianças, é
sempre consideravelmente mais forte e muito mais tirânica que a de um único
indivíduo, por mais severo que este possa ser. Se nos colocarmos no ponto de
vista na criança tomada individualmente, apercebemo-nos de como são
praticamente nulas as hipóteses que ela tem de se revoltar, ou de fazer
qualquer coisa por sua própria iniciativa.
O professor deve acima de tudo manter a
ordem, a classe de alunos deve ser submissa ao professor para que os mesmos
possam aprender sobre o velho mundo, e como ingressar ao mundo dos adultos,
caso contrário teremos futuros cidadãos sem sentido em questões de perspectiva.
A questão quando a formação do professor também reflete na crise educacional.
Conforme Arendt (1957, p.33)
Sob
influência da psicologia moderna e das doutrinas pragmáticas, a pedagogia
tornou-se uma ciência do ensino em geral ao ponto de se desligar completamente
da matéria a ensinar. O professor – Assim nos é explicado – é aquele que é
capaz de ensinar qualquer coisa.
Neste caso, é preciso se entender
que a questão da interdisciplinaridade é influente na questão do não
aprendizado das crianças quando passa por cima da disciplina específica. Usamos
como exemplo o professor de matemática, quando ele cursa matemática, há uma
série de matérias que não são de sua área. Essas não devem se caracterizar mais
importantes do que as matérias de calculo do eixo matemático, pois a
especialização é matemática, o profissional dessa área deve possuir o máximo de
conhecimento possível para que possa dentro da sala de aula ensinar com certeza
que tal calculo é certo.
Ainda que, a relação entre aluno e professor torne-se hierárquica
(professor tenha a autoridade sobre o aluno) é ainda o modelo mais eficaz de
incluir as crianças ao mundo adulto com a objetividade de ensiná-las o que até
os dias de hoje foi importante no que se chama de desenvolvimento humano e
filosófico.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Em vista dos argumentos apresentados,
reconhecemos alguns (ainda que não mencionado todos) problemas que a educação
nos apresenta nos dias de hoje. É preciso repensarmos o modelo educacional
tendo referência ao que se praticava como ensino no velho mundo (Europa) pois
essa forma de ensino se mostra ainda válida quando a comparamos a países da
América. As crianças (que estão na escola para aprender) devem receber o
conhecimento para que num futuro sejam cidadãos que façam parte de um corpo
político democrático, não imponham tiranicamente suas vontades acima dos demais
indivíduos, neste caso, o bom entendimento sobre a individualidade é
fundamental. A educação se aplicada de maneira correta, dará alicerces para uma
sociedade mais consciente e igualitária.
REFERÊNCIA
ARENDT,
Hannah. A CRISE NA EDUCAÇÃO. In: Entre o
passado e o futuro. Tradução Mauro
W. Barbosa de Almeida. 3ª Reimpressão da 5ª edição de 2000. São Paulo:
Perspectiva, 2005.
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